Ser Imperiano não é apenas torcer por uma escola de samba. É carregar no peito uma história de resistência, de amor ao samba e de orgulho de suas raízes. O Império Serrano nasceu no dia 23 de março de 1947, não apenas como uma nova agremiação, mas como um grito de liberdade. Fundado por sambistas que deixaram a Prazer da Serrinha, a escola veio ao mundo para honrar o povo de Madureira e dar voz aos bambas que queriam uma escola onde a tradição e a comunidade fossem sempre prioridade.
E que voz teve esse Império! Desde o começo, a escola mostrou sua grandeza. Em 1948, no primeiro desfile, já conquistou o título com um enredo que prestava homenagem ao mestre Paulo da Portela. De lá pra cá, construiu uma das histórias mais ricas do carnaval carioca, sempre exaltando a cultura afro-brasileira e a força do povo simples.
Mas o Império não é só samba-enredo. É gente. Gente que fez do seu talento uma oferenda ao samba. Silas de Oliveira, gênio da composição, deixou verdadeiros hinos como "Aquarela Brasileira", que até hoje emociona qualquer amante do carnaval. Aniceto do Império, com sua voz inconfundível e seu partido-alto afiado, fez da Serrinha um celeiro de talento e improviso.
Dona Ivone Lara, a primeira mulher a compor um samba-enredo no carnaval carioca, elevou o Império com sua poesia e sensibilidade, enquanto Roberto Ribeiro, sua voz marcante, fez ecoar pelo Brasil os sambas que a escola transformava em joias. Mano Décio da Viola, com sua genialidade, ajudou a erguer os alicerces dessa escola, enquanto Mestre Fuleiro comandava a bateria com maestria, transformando cada batida em um chamado para o povo dançar. E como não lembrar do eterno Molequinho, figura lendária, que cresceu dentro do Império e se tornou símbolo da escola, sempre empunhando sua bandeira com orgulho?
Ao longo dos anos, o Império Serrano desfilou enredos inesquecíveis. Sambas como "Os Cinco Bailes da História do Rio" (1965), "Brasil, Berço dos Imigrantes" (1977) e "Bumbum Paticumbum Prugurundum" (1982) não são apenas músicas: são documentos da nossa cultura, da nossa história.
Com nove títulos do Grupo Especial, o Império viveu glórias e desafios, mas nunca perdeu sua essência. O Império Serrano é mais do que uma escola de samba. É um sentimento, uma tradição, uma raiz que se espalha pela Serrinha e se eterniza em cada batida do surdo, em cada verso cantado com o coração.
Porque ser Imperiano não é apenas uma escolha. É um destino.